sábado, 7 de junho de 2008

Aos 13 anos eu tinha um caderno cor de rosa com uma florzinha de seda presa a ele. A flor era branca e o caderno cor de rosa. Escrevi meu nome nele com um capricho que nunca mais eu tive com nada minha vida inteira. Ganhei o caderno do meu professor de violão, no meu aniversario. Exatamente quando fiz 13 anos. E ele me disse que eu devia guardá-lo por mais treze anos e que eu colocasse nele todos os meus momentos felizes, minhas magoas, minhas descobertas e desilusões para que nunca me esquecesse da historia da minha vida.
Parece que ainda hoje eu o vejo. Os olhos verdes e úmidos dizendo mais do que as palavras, os lábios movendo-se quase como num ballet. Meu professor de violão, meu primeiro grande amigo, meu primeiro grande amor.
Há muitos anos não o vejo, não sei para onde foi nem se ainda tem uma lembrança minha, ou do meu caderno cor de rosa com a flor de seda branca.
Eu mantive o caderno por muito tempo. Registrei os beijos, as lagrimas, os sorrisos... colei papel de bala e bom-bom. Marquei nele meus lábios com batom. Espirrei meu perfume preferido. Prendi com clips os ingressos dos filmes que vi e gostei. Escrevi poesias, declarações de amor e ódio, contos fantásticos, sonhos e planos...
Cresci. Os treze anos se passaram e depois mais alguns. A flor de seda já esta meio amarelada e do meu nome na capa resta apenas uma sombra, mas ele continua guardado no fundo de uma gaveta e ainda hoje, quando o pego nas mãos, posso ver os olhos verdes que despertaram meu coração de menina.

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