segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Olhar Nos Olhos

Os olhos são como jóias. Talvez sejam portas. O olhar transmite grande energia. É olhando nos olhos de alguém que às vezes nos apaixonamos. A atenta observação dos olhos pode fornecer instrumento para análise: esses olhos mentem, aqueles podem ver mas não enxergam. Há olhares que têm luz própria e reluzem. Basta lembrar olhares famosos como o olhar perscrutante de Pablo Picasso, o olhar esperançoso de Che Guevara e o alucinado de Johnny Rotten; o olhar duro e dorido de Vladimir Maiakóvski, o doce olhar perdido de Rilke. O olhar misterioso da Monalisa. O olhar infantil do jovem Rimbaud.Olhos vívidos e lindos como os de Bete Davis, olhos infinitamente cheios de ternura como os de Audrey Hepburn. Olhos falam, olhares significam.Me deixa olhar nos seus olhos.

Janilto Santos

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Sonhei com a sua mão na minha. Segurava minha cintura e sorria, sorria, sorria. Perfume de jasmim. Sabor de morango com chocolate.

Danielle Gomes

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Gatos nas noites de domingo

A solidão é um bicho. Um gato, talvez. Porque a solidão é inteligente, racional, calculista. Ela não se precipita como a felicidade. A solidão instala-se devagar, vai tomando conta da gente sem fazer alarme. No início nem a sentimos e estar sozinho é até bom, uma sensação de paz e liberdade. Com o tempo percebemos que algumas pessoas nos fazem falta, mas há um desânimo qualquer que nos impede de digitar um número de telefone ou de pegar a chave do carro.Tenho um vizinho que esta perto do último estágio da solidão. A janela do quarto dele fica de frente para a janela da minha sala. Todos os domingos a noite ele me observa com um pequeno binóculo pela fresta da persiana. Já sei disso há alguns meses, mas mantenho segredo. Acho que sou sua única companhia, uma companhia que ele crê inconsciente.A certa altura não permitimos qualquer aproximação humana. A solidão já é parte da nossa vida. Enroscou-se em nossa perna e pulou para o nosso colo, aninhando-se ali definitivamente. Foi o que aconteceu com o meu vizinho. Então, nos domingos à noite eu costumo colocar um bom CD para tocar. Abro a janela da sala de modo displicente, apago a luz e acendo a luminária. Abro uma garrafa de vinho tinto e me sirvo. Gostaria de ir até o apartamento do meu vizinho e convidá-lo para uma taça, conversar, rir, ouvir música. Mas já não há esperança. Ele não atenderia a porta e fecharia para sempre a persiana.

Danielle Gomes