sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Nas madrugadas de insônia

Fecho os olhos de novo, só tenho mais 3 horas de sono. Não durmo. Uma tonelada e meia de pensamentos despencam em cima de mim. Nem eu sabia que podia pensar em tanta coisa ao mesmo tempo. É incrível como os problemas da gente ficam maiores e irremediavelmente destruidores durante uma madrugada de insônia.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Adeus

Se queres ir então vá. Não te prendas às minhas fraquezas ou a tua falta de coragem. Vá. A minha criptonita está em ti e tua coragem voltará quando te sentires liberto de mim.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

"De manhã cedo, essa senhora se conforma
Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos
Ah, como essa santa não se esquece de pedir pelas mulheres
Pelos filhos, pelo pão
Depois sorri, meio sem graça
E abraça aquele homem, aquele mundo
Que a faz, assim, feliz
De tardezinha, essa menina se namora
Se enfeita, se decora, sabe tudo, não faz mal
Ah, como essa coisa é tão bonita
Ser cantora, ser artista
Isso tudo é muito bom
E chora tanto de prazer e de agonia
De algum dia, qualquer dia
Entender de ser feliz
De madrugada, essa mulher faz tanto estrago
Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar
Ah, como essa louca se esquece
Quanto os homens enlouquece
Nessa boca, nesse chão
Depois, parece que acha graça
E agradece ao destino aquilo tudo
Que a faz tão infeliz
Essa menina, essa mulher, essa senhora
Em que esbarro toda hora
No espelho casual
É feita de sombra e tanta luz
De tanta lama e tanta cruz
Que acha tudo natural!"
(Elis Regina)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Conto Erótico


Ele me toca e uma onda de insanidade toma conta do meu corpo. A visão ruboriza. Perco em segundos a faculdade do raciocínio. Ele sustenta meu olhar, eu me afogo, perco o ar, não ouço e não vejo mais nada. Só ele existe. Só o peso do corpo dele em cima do meu. Só a pele dele ardendo de calor. Minha língua brinca dentro da boca dele, pelo corpo dele inteiro.
Ele me encosta na parede fria, me liberta, minha perna esquerda, já condicionada, passa por cima do seu ombro e, então é a língua dele que agora toma conta do meu corpo, da minha alma.
As duas mãos macias seguram minhas coxas enquanto ele me lambe, chupa, beija como se ainda houvesse necessidade de facilitar a invasão que virá em seguida. Sobe então as mãos mais um pouco, fica em pé, abre as minhas pernas e as apóia na cintura. Puxa meu cabelo com força, me beija o pescoço e a boca enquanto invade meu corpo de uma vez e com tanta força, tanta vontade que chego a sentir algo parecido com dor.
Se me machuca ou não, não me importa. Minhas unhas cravam suas costas, mas o corpo dele está igualmente imune a dor nesse momento. Quero morder seu ombro, sentir seu cheiro, mas ele continua a puxar meus cabelos o que me obriga a só sentir, sem ver nada.
E ele vai e volta dentro de mim, oscilando em velocidade. Meu coração acelera. A respiração dele cada vez mais ofegante. Já não sei onde eu acabo e começa ele. Ele solta meu cabelo e me aperta ainda mais contra o corpo. Faço o mesmo. Não há nada que interrompa esse momento. O tsunami acontece dentro da gente. Os movimentos dele ficam mais intensos. Escapa da minha garganta um grito agudo. Meu corpo todo treme, desfalece. Ele também geme, um gemido sufocado no meu ouvido. Descansa a cabeça no meu ombro.
Ficamos assim alguns segundos, minutos, horas... não sei, não existe tempo nem espaço. Só a sensação de que o universo nos pertence.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Lilly Braun



São poucos os interpretes, mulheres ou homens, que conseguem com a mesma emoção, mesma beleza e mesma verdade cantar Chico Buarque. Estou surpresa com Maria Gadú... Ouçam e me contem o que acham.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Novo Encontro

Eu te encontrei e era tudo tão perfeito. Nós dois éramos perfeitos. Nem uma mancha, nada a corrigir ou a mudar. Nos teus braços eu saciava todas as minhas necessidades. Contigo passaria todos os dias da minha vida. E seriam dias de sol e água doce. Impossível não ser feliz com você. Os dias passaram, as semanas, meses, anos... Ainda te amei. Não o mesmo amor louco e apaixonado. E era melhor que fosse assim. Um amor maduro e racional dura para sempre. Ainda havia beleza em nós. Ainda precisava de você pra ser feliz, embora já buscasse em outras coisas a embriaguez. Meu mundo, seu mundo. A interseção era quase total. Veio o casamento inevitável. A casa de bonecas cuidadosamente decorada. Habitada por sonhos coloridos. Tinha quase tudo de você naquela casa e por isso eu a amava com intensidade. Também veio o bebê e mais um tanto incalculável de responsabilidades. Alguns problemas começaram a ganhar um peso maior do que planejamos. A rotina. Não havia mais nada o que descobrir. Estava tudo ali. Eu poderia descrever a cena em detalhes antes mesmo de abrir a porta de casa. Outros moradores foram entrando. A impaciência, a intolerância, o tédio. Com a lotação os antigos moradores foram nos deixando. O carinho, o perdão, o amor. Hoje o que resta além de dois corpos coabitando o mesmo espaço? Nem brigas existem mais. Não há nada pelo que brigar porque não há nada em mim ou em ti que interesse ao outro. Queria te encontrar de novo...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Liberty


Já pensou que a maioria de nós vive sob um regime esmagador de liberdade condicional? Temos hora para levantar, para deitar, para chegar ao trabalho, para almoçar, para sair do trabalho. Respeitamos regras sociais que mudam conforme o ambiente que freqüentamos. Nos adaptamos primeiro aos nossos pais, depois aos nossos amigos, às namoradas e namorados, aos professores da universidade, aos colegas do escritório, ao tipo de chefe que temos.
E, claro, se tudo corre dentro dos padrões sociais aceitáveis, recebemos pequenos períodos (compostos de horas) de liberdade condicional. Estou desfrutando do meu nesse momento!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Decisões

No fim o que são decisões? Este caminho ou o outro, isso ou aquilo, ali ou lá... O que teria sido se não fosse como é. Muitas vezes questiono o livre arbítrio. Existiria mesmo? Ou essa história é só um conto de fadas no qual tentamos acreditar para sustentar a ilusão de que temos o controle de nossas vidas e talvez também da vida dos nossos filhos, maridos, namorados, amigos e por aí segue.
O ser humano é mesmo uma raça cheia de enganos. Por que tanta preocupação com futuro se ele é tão pequeno, vivemos tão pouco e sempre preocupados com os próximos 10 anos. Que força esmagadora e cruel nos impede de viver o hoje e nos remete sempre dez anos para frente?
Da mesma forma nos agarramos com unhas e dentes à culpa. Culpa por não ter tomado decisões diferentes no passado que poderiam ter reflexo mais positivo no futuro. E quando heroicamente tentamos nos livrar dessa culpa e respirar um ar mais puro há sempre uma alma inquieta ao nosso lado que ora sussurra, ora grita – se preciso – “Não te esqueças: a culpa é tua! A culpa é sempre tua!”
A cada dia que passa descubro milagres de felicidade no agora. Na chuva que cai a tarde e refresca meu corpo castigado pelo calor que tem feito. No balançar romântico da rede na varanda. No sorriso vazado da minha filha. No perfume delicado que eu adoro, mas que está no fim – e aí sempre parece melhor.
É a vida manifestando-se no presente. Acenando para todos como a dizer “olhem pra mim, estou aqui, olhem...”. Mas quase sempre seguimos pensando no que será, no que foi ou no que nunca mais poderá ser.