domingo, 7 de fevereiro de 2010

Decisões

No fim o que são decisões? Este caminho ou o outro, isso ou aquilo, ali ou lá... O que teria sido se não fosse como é. Muitas vezes questiono o livre arbítrio. Existiria mesmo? Ou essa história é só um conto de fadas no qual tentamos acreditar para sustentar a ilusão de que temos o controle de nossas vidas e talvez também da vida dos nossos filhos, maridos, namorados, amigos e por aí segue.
O ser humano é mesmo uma raça cheia de enganos. Por que tanta preocupação com futuro se ele é tão pequeno, vivemos tão pouco e sempre preocupados com os próximos 10 anos. Que força esmagadora e cruel nos impede de viver o hoje e nos remete sempre dez anos para frente?
Da mesma forma nos agarramos com unhas e dentes à culpa. Culpa por não ter tomado decisões diferentes no passado que poderiam ter reflexo mais positivo no futuro. E quando heroicamente tentamos nos livrar dessa culpa e respirar um ar mais puro há sempre uma alma inquieta ao nosso lado que ora sussurra, ora grita – se preciso – “Não te esqueças: a culpa é tua! A culpa é sempre tua!”
A cada dia que passa descubro milagres de felicidade no agora. Na chuva que cai a tarde e refresca meu corpo castigado pelo calor que tem feito. No balançar romântico da rede na varanda. No sorriso vazado da minha filha. No perfume delicado que eu adoro, mas que está no fim – e aí sempre parece melhor.
É a vida manifestando-se no presente. Acenando para todos como a dizer “olhem pra mim, estou aqui, olhem...”. Mas quase sempre seguimos pensando no que será, no que foi ou no que nunca mais poderá ser.

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