segunda-feira, 19 de julho de 2010

Chorar e sorrir e chorar

Eu não quero, mas não posso evitar. Está tudo ali fazendo sentido, tudo conspirando para que eu me entregue. Todos me dizem sim, sorriem pra mim, parece a coisa natural a fazer. Lá no fundo, bem no fundo, uma voz fraca e rouca me lembra de que eu deveria dar meia volta e tomar o caminho contrário... qual o quê, mestre Chico, sigo em frente e sento-me sorrindo também. Estranhamente não estou feliz, estou eufórico, mas não feliz. Antes mesmo do primeiro copo estou embriagado porque o que me embriaga não é o álcool, é toda a bruma encantadora que me envolve, é o ritual, são aqueles rostos tão conhecidos e tão distantes ao mesmo tempo. Estou ali, sentado, rodeado de gente, mas me sinto tão só, tão pobre, tão vazio. Num flash me pergunto que faço ali, mas é só um piscar. A pergunta vem e vai, em velocidade estonteante e o fio de resistência que tenho se rompe e eu me entrego. Um copo atrás do outro, até que a vista fica turva e os pensamentos embaralham e eu nem preciso mais de motivo algum para sorrir. Hoje, enquanto luto contra uma dor de cabeça insuportável, tento me concentrar e refletir se não é isso o que eu procuro nessa loucura... sorrir sem que seja preciso qualquer motivo... sorrir, mesmo que por dentro eu esteja inundado de lágrimas.

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